Desloquei-me, recentemente ao Brasil, no período de 6 a 17 de Março, tendo estado, essencialmente nas cidades de São Paulo, Santos e Praia Grande.
Gostei muito de estar no Brasil nesta data, porque ela foi assinalada, sobretudo no Rio de Janeiro, pelas comemorações evocativas dos 200 anos da fixação da Familia Real Portuguesa nessa cidade, instituindo aí a Capital do Império, a partir de 8 de Março de 1808.
A Familia Real Portuguesa conseguiu enganar Napoleão, através dum jogo diplomático e politico e embarcou para o Brasil 24 horas antes das tropas napoleónicas entrarem e tomarem Lisboa.
Estas 24 horas, vistas à distância de 200 anos, foram fundamentais para preservar a Monarquia em Portugal, bem como para, decorridos 13 anos, criar um novo País independente - o Brasil.
Se o Brasil é hoje uma grande potência e um grande espaço territorial com mais de 8.500.000 Km2 deve-o, em parte, a esta fuga estratégica.
D. João VI pode considerar-se como o "Pai" do Brasil, pois sem a sua presença no Rio de Janeiro, o País, com os fenómenos da independência, ocorridos na América Latina, ter-se-ia fragmentado em 4 ou 5 paises diferentes, como aconteceu com o Império espanhol na América do Sul, que se dividiu mais de meia dúzia de paises- Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Chile, Argentina, Paraguai e Uruguai.
O Brasil conseguiu manter a inicial unidade territorial porque D.João VI, ao fixar-se no Rio de Janeiro, abriu os portos brasileiros às nações amigas, criou diversas fábricas de pólvora, vidro, fundição, siderurgia, lapidação de diamantes e instalou o 1º engenho a vapor na Baía. Para além destes investimentos, D.João VI fundou a 1ª Escola medico-cirurgica na Baía, criou o Banco do Brasil, instalou a Real Junta do Comércio, iniciou a vacinação contra as bexigas que atacavam principalmente os escravos, instalou um Tribunal no Maranhão, incrementou a exportação do café,tabaco, couro e cacau, criou o serviço dos Correios, criou o Laboratório de Quimica no Rio de Janeiro e instalou alfândegas e fortificações em várias cidades da costa brasileira(nomeadamente no Natal).
Todas estas acções desenvolvidas em pouco mais de 12 anos criou um território homógeneo com a mesma lingua e a mesma identidade, que se manteve até aos dias de hoje.
À distância de 200 anos e conhecidos todos estes factos, começa a esboroar-se a imagem caricatural, que muitos historiadores procuraram dar de D.João VI.
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