terça-feira, 26 de setembro de 2017

PRAXE ACADÉMICA



Tenho acompanhado com alguma perplexidade, no decurso dos últimos dias, através dos órgãos de comunicação social, as barbaridades publicadas no "MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA " do caloiro da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, faculdade onde fui caloiro há 58 anos.

Esse " MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA" contem, entre outras, estas preciosidades culturais :
- o caloiro é incondicionalmente servil, obediente e resignado
- o caloiro não é um ser racional
- o caloiro não goza de qualquer direito, pois não lhe é permitido pensar, opinar, gesticular, abanar as orelhas ou pôr-se em equilíbrio nas patas dianteiras
- o caloiro deve ser moderado no uso da palavra (zurrar, grunhir e relinchar só quando lhe é dada permissão)

Também na Universidade de Aveiro os caloiros foram convocados para uma reunião de praxe na qualidade de "BICHOS" e foram aconselhados a "trazer arreios de pouco apego e ferraduras confortáveis".

Sem querer ser moralista ,  interrogo-me como é possível que, no século XXI, jovens estudantes que se preparam para serem lideres em Portugal (nas empresas, nas Administrações Públicas e na politica) possam ter instintos selváticos de opressão e de coação para com os mais fracos e estes sujeitarem-se a estes ditames ditatoriais, humilhantes e vexatórios da dignidade humana ?

Eu gostaria que os caloiros e os seus colegas veteranos praticassem uma cultura de integração baseada em actividades culturais e desportivas, descoberta do património construído, cultura cientifica e de responsabilidade social (ver como se vive nas dezenas de ilhas do Porto, como sobrevivem os sem-abrigo na Baixa portuense etc.).

Os caloiros que hoje são vitimas de humilhação e de vexames, serão os opressores nos anos futuros e estamos, assim, a criar uma cultura social continuada de opressão para com os mais frágeis da sociedade.

Não faz sentido ser conivente com estas práticas de humilhação e devemos combater de uma vez por todas estas práticas intoleráveis.

Penso que com base no nº 2 do artigo 25º da Constituição da República Portuguesa que estabelece que "ninguém pode ser submetido a tortura, nem a maus tratos ou penas cruéis, degradantes ou desumanas , a "VIOLÊNCIA UNIVERSITÁRIA" quando envolver comportamentos de humilhação e opressão,  deve ser considerada como "CRIME PÚBLICO" e como tal tratado nas instâncias judiciais.

domingo, 24 de setembro de 2017

RECOMEÇO

Após um relativo tempo de inactividade deste blogue, entendi reactivá-lo, pois senti que nesta época conturbada em que vivemos, tenho necessidade de emitir opiniões, trocar ideias e aceitar sugestões sobre temas do quotidiano.

Todos nós temos opiniões diferentes uns dos outros e é desta diversidade opinativa que nos enriquecemos cultural e socialmente.

Vou procurar escrever e emitir opiniões sobre questões com que, constantemente, me confronto e questiono - desigualdades sociais, demografia, desertificação do interior, educação, produtividade e desenvolvimento económico, ambiente, conflitos internacionais, integração europeia e politica nacional .

Espero ter disponibilidade de tempo e força de vontade para levar a bom porto esta tarefa.