quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Auto-Europa

A Auto-Europa para além de ser uma das mais importantes empresas da região de Setúbal  é também, um motor importante de desenvolvimento e crescimento de um cluster estratégico nacional ligado ao sector automóvel.
O sector automóvel em Portugal exportou no último ano mais de 5,2 mil milhões de euros e deu emprego a cerca de 46.000 pessoas (uma destas empresas do sector automóvel está sediada em Arouca).
 A Auto-Europa, segundo dados fornecidos pelo Banco de Portugal , em 2016, tendo produzido 85.126 carros,  representou 0,8% do PIB nacional, sendo a 3ª maior empresa exportadora e vale 4% das exportações, o que contribui para o equilíbrio das contas nacionais com o exterior.
O Grupo Volkswagen (que inclui também as marcas Audi, Skoda, Seat e Porsche), tem 170 fábricas espalhadas pelo mundo - 98 na Europa, 46 na Ásia, 12 na América do Sul, 8 na América do Norte, 5 em África e 1 na Austrália.Todas estas 170 fábricas competem entre si para produzirem os carros do grupo.
 Ganham as produções de novos carros aquelas unidades industriais que tiverem melhor produtividade e relações laborais mais estáveis. É evidente que as fábricas do grupo sediadas no centro da Europa, como têm custos logísticos mais baratos e elevados índices de produtividade, apresentam mais vantagens competitivas.
Foi decidido pela administração do grupo VW que o novo modelo T-Roc seria fabricado em Portugal. Para garantir a montagem deste carro foram investidos na Auto-Europa 677 milhões de euros numa nova plataforma multimodal, o que lhe vai permitir também a produção de outros modelos do grupo VW. A produção do novo modelo T-Roc é fundamental para garantir o futuro da Auto-Europa.
O Grupo VW mantem a tradição germânica de negociar as condições laborais com uma Comissão de Trabalhadores e não com os sindicatos, pois entende que a Comissão de Trabalhadores está mais vocacionada para a gestão de conflitos, procurando sempre soluções de compromisso.Foi assim desde o princípio e embora a Auto-Europa tivesse passado por algumas crises ao longo da sua vida, quando a Comissão de Trabalhadores era dirigida por António Chora, sempre se conseguiu um compromisso aceitável entre a administração e os trabalhadores.
No início deste ano, António Chora reformou-se e a Comissão de Trabalhadores em funções, negociou as novas condições laborais para o fabrico do novo modelo T-Roc.
A administração propunha que para se garantir a produção anual de 200.000 carros, era necessário que houvesse 18 turnos semanais, incluindo os sábados.A Comissão de Trabalhadores negociou com a administração as seguintes condições - pagamento mensal adicional de 175 euros, 25% de subsídio de turno, atribuição de 1 dia adicional de férias, folga fixa ao domingo e outra rotativa ao longo da semana e redução do horário semanal para 38,2 horas.
Quando esta proposta foi apresentada ao plenário dos trabalhadores, esta foi rejeitada e a Comissão de Trabalhadores pediu a demissão. Estes acontecimentos deram origem a uma greve no dia 30 de Agosto, deixando-se de produzir 400 carros.
Ontem foi eleita uma nova Comissão de Trabalhadores, quando existiam 6 listas em sufrágio. Venceu a lista E liderada por Fernando Gonçalves, que elegeu 4 membros (num total de 11). O futuro da Auto-Europa está , a partir de agora, nas mãos do próximo líder da Comissão de Trabalhadores.
Oxalá que a Administração e a Comissão de Trabalhadores encontrem plataformas de entendimento que permitam defender os trabalhadores, sem pôr em causa o futuro da empresa e os postos de trabalho . Convém referir que a Auto-Europa disponibiliza frotas de transportes aos trabalhadores num raio de 50 Kms, tem boas cantinas em que há possibilidade de escolher entre 3 a 4 pratos, bons balneários e até 1 lavandaria para os fatos de macaco.
Esta plataforma de entendimento é fundamental para a Auto-Europa e para os seus trabalhadores, mas também para as 12 empresas do Parque Industrial de Palmela que trabalham em exclusivo no fabrico de componentes para a Auto-Europa, tais como - Schenellecke, Bentler, SAS Automotive Systems, Vanpro, Action & Weels, Palmetal e Inapal Plásticos, bem como outras 67 empresas de componentes distribuídas pelo país.Se as negociações forem levadas a bom porto, no final de 2018,  a Auto-Europa deve ultrapassar os 5.300 empregados, o que é excelente para os trabalhadores e também para Portugal.
Se o fabrico do T-Roc for coroado de sucesso, como esperamos, a Auto-Europa poderá candidatar-se a produzir mais carros dos 80 novos modelos que VW vai lançar até 2025 (50 totalmente eléctricos e 30 híbridos). Há 2 modelos que já são muito mediáticos - o I.D.Buzz que será colocado no mercado em 2022 e o I.D. Crozz que terá motores eléctricos no eixo traseiro e dianteiro, conjugando uma potência de 306 cavalos, velocidade limitada a 180 Kms/ hora e autonomia de 500 Kms com a mesma carga de bateria.