quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Preço dos combustíveis

Vivemos num mundo fortemente energívero e petrodependente e, por isso, o preço praticado  nos combustíveis tem influência nas nossas vidas pessoais e no mundo empresarial.
Os preços praticados na indústria e na distribuição petrolíferas são irracionais e de difícil explicação, pois quando há uma subida no preço do barril de crude, os consumidores sentem no bolso essa subida de imediato e, quando os preços do barril descem, os consumidores demoram semanas a serem aliviados do esforço financeiro.
Há, pois, um clima especulativo criado à volta do preço dos combustíveis e é necessário introduzir alguma decência nesta "  economia de casino".
Vejamos um caso prático da irracionalidade praticada no preço dos combustíveis :
- Em 11 de Julho de 2008, o preço do barril de crude no mercado Brent era de 147 dólares e a gasolina 95 era vendida em Portugal a 1,525 euros.
- Hoje, o preço do barril de crude está a ser transacionado a 62,21 dólares e a gasolina, em Portugal, está a ser vendida a 1,569 euros no caso da Galp e 1,599 euros no caso da BP.
Conclusão a tirar, comparando os preços praticados nestas 2 datas, o barril de crude baixou 57% e a gasolina, mesmo assim, subiu 4,5%, em Portugal.
Se mantivéssemos as mesmas proporções, devido à queda bruta do preço do crude e, mesmo entrando em linha de conta com  a variação da cotação do dólar, o preço dos combustíveis em Portugal teria que ser muitíssimo mais baixo  ( o que seria magnífico para os nossos bolsos).
A queda brutal dos preços do crude devem-se , essencialmente, a 4 factores:
- Quebra da procura
- Abrandamento da economia mundial
- Instabilidade geopolítica crescente em toda a região do Golfo Pérsico
- Excesso de oferta de petróleo, pois os EUA que produziam 6 milhões de barris por dia em 2008, já atingem actualmente quase 12 milhões de barris por dia , devido às explorações de gás de xisto e de "shale oil" no Texas e no Dakota do Norte (o que, infelizmente, tem efeitos perniciosos em termos ambientais).
Com a queda do preço do crude, há uma pergunta que eu faço ao abastecer o meu carro. Como é que há uma diferença, em média, de 0,20 euros/litro cobrados a mais em Portugal nos postos de abastecimento, quando se comparam com os preços praticados em Espanha e que compra o crude ao mesmo preço que nós?
Em Portugal, quando o automobilista paga 100 euros nos postos de abastecimento, está a pagar 45 euros de combustível e 55 euros de sucessivos impostos e taxas da mais variada ordem - IVA, ISP, ISV, taxas de incorporação de biocombustíveis, taxas de armazenamento , de distribuição e de comercialização.
Todos os governos que tivemos, pensam sempre nos automobilistas como uns contribuintes "porreiros" para aumentar as receitas do Estado, pois somos petrodependentes.
Tem-se falado muito, nos últimos tempos, no desenvolvimento de veículos eléctricos (o que será benéfico em termos ambientais), mas estou certo de que o Governo (qualquer que ele seja), vai encontrar "formas alternativas habilidosas de engenharia financeira" para que os automobilistas continuem a pagar, mesmo que com "língua de palmo" os impostos necessários para não diminuir as receitas do Estado.
Há que aguentar, ou então, andar de bicicleta (nem sempre praticável em regiões acidentadas como Arouca).